Portal do Ementário

A disciplina sugere o estudo e a análise da história da imigração no Brasil a partir do século XIX, destacando as inter-relações entre os aspectos socioculturais e políticos oriundos do intercâmbio entre as culturas estrangeiras e brasileira que propiciaram o surgimento de modalidades próprias de gerenciamento produtivo adotadas em âmbito nacional e regional. Nesse sentido, torna-se imprescindível a reflexão sobre os níveis de cultura política manifestos pelos grupos sociais envolvidos em tais processos. Isso porque os imigrantes estrangeiros, especialmente os europeus, ao chegarem ao Brasil trazem consigo toda uma tradição associacionista característica dos seus respectivos países, tradição esta que é reelaborada em contato com a nova realidade no sentido de permitir aos imigrantes a sua inserção na sociedade brasileira. A partir daí, pode-se compreender melhor a dimensão política contida na ação das organizações sociais criadas por imigrantes como, por exemplo, sindicatos patronais, agremiações recreativas e outras formas de associação gerenciadas pelos setores empresariais, destacando a sua importância e o seu papel no desenvolvimento de políticas econômicas regionais de caráter próprio. O conteúdo será enfocado a partir de uma perspectiva histórica, buscando diálogo com a antropologia a fim de subsidiar a análise. Os fatores político-culturais serão tratados como partes constituintes do processo produtivo e analisados os impactos dessa influência sobre as relações de trabalho, condições de trabalho, organização produtiva e grau de intervenção política dos aglomerados industriais implantados por imigrantes nas diversas regiões do Brasil. O processo de crescimento de um sistema de produção num determinado território e a organização produtiva adotada serão abordados como habitat de diferentes convergências de princípios da organização social e política, internos e externos ao sistema produtivo, o que pode ser melhor evidenciado quando nos reportamos à imigração.

ARRIGHI, G. O longo século XX. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. AZAIS, Christian. Sistemas produtivos locais franceses e distritos industriais italianos: elementos na interseção da sociologia e da economia. Sociedade e Estado,[s.l..], n º 1-2, p.32-64,1992. AZEVEDO, Fernando. Cultura Brasileira; introdução ao estudo da cultura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964 BENKO, G. & LIPIETZ, A As regiões ganhadoras: distritos e redes. Oeiras: Celta, 1994. BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista; a degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. CANO,W. Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil (1930-1995). Campinas: Editora da Unicamp, 1998. CASAROTTO, N. & PIRES, L. H. Redes de pequenas e médias empresas e desenvolvimento local . São Paulo: Atlas, 1999. CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. DERENZI, L. S. Os italianos no estado do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Artenova, 1974. DIEGUES JR., M. Imigração, urbanização e industrialização. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, 1954. DOWBOR, L..; IANNI, O. & RESENDE, P. E. (Org.). Desafios da Globalização. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. FAUSTO, B. (Org.) Fazer a América. São Paulo: Edusp,1999. FERRAZ, J.C.; KUPFER, D. & HAGUENARUER, L Made in Brasil; desafios competitivos para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995. FISHER, T. (Org.). Gestão contemporânea; cidades, estratégias e organizações locais. Rio de janeiro: Editora da FGV, 1997. FURTADO, C. Formação econômica brasileira. São Paulo:Companhia Editora Nacional, 1998. GARCIA, F. C. A terceira Itália como pólo irradiador de micros e pequenas empresas de alta tecnologia. Belo Horizonte: CEPEAD-UFMG, 1997. GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. HARVEY, D. Condição pós-moderna; uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola, 1994. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olimpyo, 1956. IANNI, O. Homens sem paz; os conflitos e os bastidores da imigração italiana. São Paulo: Difel, 1963. ________. Aspectos políticos e econômicos da imigração italiana. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1979. KUMAR, K. Da sociedade pós-industrial à pós-moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. MACIEL, M. L. O milagre italiano; caos, crise e criatividade. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996. MALINOWSKI, B. Uma teoria científica da cultura. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975. MATOSO, J. E. A desordem do trabalho. São Paulo: Scritta, 1995. MOOG, V. Bandeirantes e pioneiros; paralelo entre duas culturas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. MOTTA, C. G. Ideologia da Cultura Brasileira (1933-1974). São Paulo: Ática, 1980. NOVAES, M ª S. Os italianos e seus descendentes no Espírito Santo. Vitória; IJSN, 1980. PATARRA, N. L. (Org.) Emigração e imigração internacionais no Brasil contemporâneo. Campinas: FNUAP,1996. PEREIRA, L. C. B. Empresários e administradores no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1974. PORTER, M. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 1989. PORTES, A. & BOROCZ, J. Contemporary immigration: theorical perspectives on its determinants and modes of incorporation. IMR, v. 23, 1989. RIBEIRO, D. O processo civilizatório. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. SAHLINS, M. Ilhas de história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1990. SALETTO, N. Trabalhadores nacionais e imigrantes no mercado de trabalho do Espírito Santo (1888-1930). Vitória: Edufes,1996. SANTOS, J.V.T. Colonos do vinho. São Paulo: Hucitec, 1978. SODRÈ, N. W. Síntese de história da cultura brasileira. São Paulo: Difel,1984. SANTOS, B. S. Pela mão de Alice; o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez Editora, 1995. TRENTO, A. Do outro lado do Atlântico; um século de imigração italiana no Brasil. São Paulo: Nobel, 1984. VASCONCELLOS, J. G. M. & DAVEL, E. P. B (Org.). Inovações organizacionais e relações de trabalho. Vitória: EDUFES, 1998.