Universidade Federal do Espírito Santo

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Informações Gerais
Disciplina:
O Antropoceno e o meio da economia destruidora. Por uma crítica do “desenvolvimento” econômico ( PPGG7310 )
Unidade:
Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Geografia
Tipo:
Optativa
Período Ideal no Curso:
Sem período ideal
Nota Mínima para Aprovação:
7.00
Carga Horária:
60
Número de Créditos:
4

Objetivos

Ementa
Nos propomos a problematizar o sujeito constituinte moderno que trata o mundo como seu espelho e faz da natureza “seu objeto”, dividindo o mundo entre humano e não humano, entre geografia humana e geografia física, em suas várias nuances e variantes na perspectiva das consequências que isto traz para o meio e a paisagem com o estabelecimento de uma economia destruidora. Como indica Chakrabarty (modificado por nós): a geohistória da Terra rompe nos tempos atuais com a velha distinção humanista entre geografia/história natural, de um lado, e geografia/história humana, de outro lado; o conceito de Antropoceno, a nova época geológica na qual humanos existem como força geológica, modifica as histórias humanistas da modernidade e da globalização; a hipótese geológica do antropoceno nos leva a colocar em dialogo as geografias globais do capitalismo e a própria geografia e história da espécie humana e das outras espécies e agentes os mais diversos; e, por fim, a geohistória do capitalismo e a geohistória das espécies tem seus limites borrados e demonstram a intrusão de Gaïa, da mitologia grega, e dos espíritos Xapari, do povo Yanomani, no real. Mais especificamente, estudaremos a geografia econômica, urbana e regional, que separaram o humano e o não humano, bem como a economia da destruição do meio que se serve da desinibição moderna – fundada no convencimento que a engenharia pode tudo e que os relatórios de “impactos” ambientais e “compensações” ambientais podem tudo - como estratégia nas racionalidades que instituíram a técnica e a tecnologia voltadas para a mercantilização geral dos mundos. Diante da mutação dos mundos da natureza e do humano, problematizamos a noção de “crescimento econômico”, de “desenvolvimento”, de circuitos de produção, de meio-técnico-científico-informacional e todas as noções que enviam a infinidade da expansão de um mundo mercantil diante de uma Terra finita. Pretende-se exemplificar e estudar casos bem precisos na zona costeira do estado do Espírito Santo, espaços onde se coadunam e se reativam reciprocamente o coquetel explosivo da economia neoliberal desagregadora da vida dos territórios.

Bibliografia
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Bibliografia Complementar
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