Universidade Federal do Espírito Santo

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Informações Gerais
Disciplina:
MEST - Representações políticas e movimentos sociais ( PHIS0014 )
Unidade:
Coordenação do Programa de Pós-Graduação em História
Tipo:
Optativa
Período Ideal no Curso:
Sem período ideal
Nota Mínima para Aprovação:
6.00
Carga Horária:
120
Número de Créditos:
6

Objetivos

Ementa
A disciplina tem por objetivo analisar as diferentes manifestações políticas e sociais bem como suas principais correntes, incluindo-se aí as representações políticas, na medida em que uma das particularidades desse campo de estudo está no fato de que ele nos remete a uma discussão na qual a multidisciplinaridade ganha dimensão ímpar.. Os estudos dos Movimentos Sociais constituem-se atualmente como um campo de confluência de distintas áreas do conhecimento humano, dentre as quais pode-se destacar a História Social e Política, a Sociologia, a Economia, a Antropologia, a Ciência Política e a Psicologia Social. Os Movimentos Sociais definem uma área de trabalho na pesquisa histórica que se abre para a busca das matrizes teóricas que fornecem o necessário arcabouço teórico-metodológico para a análise dos movimentos sociais e a reflexão sistemática sobre a produção historiográfica contemporânea, atentando para a relação entre os conceitos que atribuem sentido à experiência histórica vivenciada por diferentes atores sociais em seu cotidiano. Dessa forma, busca-se a incorporação tanto de sujeitos individuais quanto coletivos, privilegiando um enfoque mais amplo que contemple, para além de suas representações e vínculos com a composição de memórias sociais e do cotidiano, suas relações com a elaboração de discursos historiográficos. Como conseqüência natural, esses estudos abrem-se para a pesquisa empírica, privilegiando a análise das diferentes manifestações relativas às instituições, ao trabalho, aos protestos sociais e às condições de vida relacionados com a história de atores distintos. Dentre os objetos de estudo da disciplina podemos destacar os relativos à condição operária; ao espaço urbano, aos conflitos sociais e à cidadania; às lutas em torno da terra; ao gênero; à família e aos movimentos reformistas e revolucionários. Merecem destaque os trabalhos precursores de Eric Hobsbawn, E. P. Thompson e George Rudé. A partir dos anos 70, a temática dos movimentos sociais se expandiu para outros campos, deslocando as pesquisas para a esfera da vida privada. Podemos destacar as obras de Norbert Elias, Phillippe Ariès e Georges Duby. Estes estudos privilegiaram as mudanças de sensibilidade, as relações de vizinhança, a sociabilidade doméstica, os sentimentos de infância e contribuíram para a integração de outros atores sociais ao fazer histórico, permitindo um repensar das tensões existentes entre o público e o privado, o coletivo e o individual e o masculino e o feminino. Os estudos mais recentes têm se reportado às novas dinâmicas que se impuseram aos movimentos sociais com o aumento de poder das organizações não governamentais (ONGs), e o poder midiático das novas tecnologias. Neste momento se impõe como função, ao historiador e aos cientistas sociais de um modo geral, combater as incertezas atuais por intermédio da contínua reflexão sobre os novos modos de relação entre os homens, e as adaptações que se impõem pelo advento da sociedade de massas pós-industrial. Neste sentido, esta disciplina também tem como objetivo, discutir os elementos históricos que permitem analisar as novas representações políticas que surgem nos movimentos sociais contemporâneos.

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